À semelhança da lei de Parkinson que diz que o trabalho expande-se de modo a preencher todo o tempo disponível para a sua realização, também as despesas são regidas por forças idênticas.
Já ouviu falar da lei de Parkinson? Esta foi publicada pela primeira vez em 1955 num artigo da revista “The Economist” e diz que: -” O trabalho expande-se de modo a preencher o tempo disponível para a sua realização“.
Da mesma forma, eu acredito que as despesas obedecem a uma lei semelhante. Estas tendem a expandir-se de modo a gastar todo o dinheiro que tem disponível na sua conta bancária.
Ah, está explicado. Agora sabe porque raramente tem dinheiro disponível na sua conta bancária. A culpa não é sua, os seus instintos apenas seguem uma lei que alguém criou mas certamente haverá uma forma de mitigar os seus efeitos.
Hoje nem vou tocar no tópico sobre o uso do cartão de crédito. Certamente ele é importante o suficiente para merecer um artigo completo.
As despesas expandem-se de modo a gastar todo o dinheiro disponível na sua conta bancária.
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Não é por acaso que quando queremos comprar algo, começamos por criar uma poupança para o objetivo em mente. Tal pode ser um carro, uma viagem, um curso, uma casa. Por conseguinte, já sabemos que ter o dinheiro ali à nossa disposição não serve os nossos interesses de médio/longo prazo. Logo, logo, esse dinheiro encontraria um outro fim.
Pague a si mesmo em primeiro lugar
O conceito de pagarmos a nós próprios em primeiro lugar não é novo. Como vimos, você já faz isso quando quer muito algo. Sempre que recebe o seu salário, retira uma parte e coloca de lado, repetindo o processo todos os meses até conseguir o dinheiro suficiente para o seu objetivo.
Então o que muda? A diferença fundamental é que esta poupança especial deve estar alinhada com o seu desejo de ser financeiramente independente. Não é para comprar passivos, nem aumentar a despesa. O objetivo é o de criar uma fonte de rendimento, colocando o seu dinheiro a trabalhar para si.
Aprenda a diferença entre ativos e passivos, abandone o que o mantém pobre e rume em direção à independência financeira.
O processo é simples e não necessita de um esforço sobre-humano. Faça o melhor que puder, onde quer que esteja e com os recursos que tiver à sua disposição.
Sejamos honestos: Quer tenha um salário baixo, mediano ou bom, a tendência é que o usemos na sua quase totalidade para fazer face a mais despesas. É provável que um novo par de calças, um relógio ou um telemóvel se tornassem demasiado importantes para não usar “aquele” dinheiro ali parado.
4 passos para mitigar a lei da “despesa”
Se as despesas tendem a aumentar de modo a gastar todo o dinheiro disponível, a primeira coisa a fazer é deixar de ter o dinheiro disponível para gastar. Parece simples! Vejamos então os 4 passos para criar a sua poupança/independência financeira.
1. Crie uma conta poupança / investimento completamente separada das demais
Esta conta tem por objetivo segregar o dinheiro que você vê como disponível. O dinheiro desta conta deve ser unicamente aplicado em poupanças e investimentos que gerem rendimento. É o seu super mealheiro.
2. Defina uma percentagem dos seus rendimentos para aplicar na conta super-mealheiro
Pode começar com 30%, 10% ou 1%. Mas por favor, comece. Alguns dirão que o dinheiro já não chega para as despesas comuns do dia-a-dia, quanto mais para colocar de lado. Aceito que pode ser difícil mas é necessário criar o hábito, nem que seja com 1 ou 2 euros por mês.
Como é óbvio, quanto maior a percentagem, melhor. Mas persista e tente aumentar gradualmente. Colocar de lado 1% mostra que tem a determinação necessária para ir mais além.
Pode colocar também uma percentagem maior do seu subsídio de férias, de Natal, bónus ou herança. Tudo conta para fazer a conta crescer.
3. Deposite mensalmente na sua conta super-mealheiro
É aqui que o “pague a si próprio primeiro” entra em jogo. Assim que o dinheiro do seu salário cair na sua conta, transfira-o imediatamente para a conta super-mealheiro. Não queremos que esse dinheiro fique disponível e seja destinado a outros fins.
O melhor é que automatize o processo e não tenha de o fazer manualmente. Se puder, configure transferências automáticas sobre o montante que estipulou no passo anterior.
Tal como na parábola da corrida entre a lebre e a tartaruga, a consistência e a persistência fazem o vencedor.
4. Invista o seu dinheiro
Invista o seu dinheiro de acordo com o seu perfil. Tenha em atenção se é mais ou menos avesso ao risco e procure ajuda profissional se não se sentir confiante.
Se é avesso ao risco, uma conta poupança ou certificados de aforro podem ser um excelente investimento. Baixa rentabilidade mas baixo risco. Neste ponto, claramente o Brasil é diferente de Portugal. Enquanto os bancos portugueses estão a pagar atualmente cerca de 0.025% ao ano, (antes de imposto), os bancos brasileiros pagam mais do dobro ao mês e sem impostos.
O governo português estimula à poupança mas cobra-nos 28% até sobre 5 míseros euros de lucro!!
Se tem um perfil mais propenso ao risco, pode investir em ações, imobiliário, fundos e outros. Apesar do risco ser maior, a possibilidade de lucro é também muito mais atrativa.
Se tiver curiosidade sobre investimento em ações e dividendos, recomendo os seguintes artigos:
E agora?
Ou o que disse não faz sentido para si, ou decide aplicar os 4 passos descritos anteriormente e fazer a sua poupança/investimento crescer, todos os meses, ano após ano.
Lanço contudo o desafio: e que tal criarmos uma nova lei?
Os rendimentos expandem-se de modo a recompensar os que investem consistentemente em ativos de qualidade.