Casa: Ativo ou passivo?

Ativos e Passivos – Tem a certeza que sabe a diferença?

A diferença entre ativos e passivos é brutal. É como comparar branco e preto, dia e noite, yin e yang.  Porque falhamos então em identificar claramente entre um e outro?


Tanta informação, tanta alteração nos currículos escolares e não somos formados numa das áreas mais importantes: Finanças pessoais. Este tema afeta-nos a todos. Mais cedo ou mais tarde, todos temos de lidar com dinheiro, investimentos e aquisições.

Será que os nossos governos pensam que temos essa habilidade codificada nos nossos genes? Será algo intuitivo, tão simples que não mereça atenção? Será que o número crescente de endividados não faça soar o alarme?

Sim, incentiva-se à poupança: da boca para fora! Não vejo ações de formação nem incentivos reais à poupança. O que vejo são depósitos bancários, muitos deles a 0.2% ao ano e ainda nos cobram 28% de imposto sobre esse insignificante rendimento.

Não seria bom conseguirmos mais, muito mais, com os mesmo recursos que temos?

Se esta literacia não nos é dada, temos nós de correr atrás e adquirir a sofisticação financeira necessária para prosperar. Nada melhor do que começar por distinguir de forma inequívoca sobre o que é um ativo e um passivo.

Ativos e Passivos: Duas faces de moedas diferentes

Não, não me enganei. Tirando algumas poucas exceções, acho que a fronteira entre ativos e passivos é marcante e não deve suscitar quaisquer dúvidas. Quando lhe é apresentada a definição, não há azo a más interpretações. É muito simples.

Um Ativo é aquilo que põe dinheiro no seu bolso enquanto um Passivo é aquilo que tira dinheiro do seu bolso.

Robert Kiyosaki, no seu livro “Pai Rico, Pai Pobre” apresenta esta definição com uma simplicidade eloquente. “Um ativo é aquilo que põe dinheiro no seu bolso enquanto um passivo é aquilo que tira dinheiro do seu bolso“.

Se é assim tão simples, porquê toda esta confusão? Porque as pessoas compram passivos em vez de ativos? Se está familiarizado com conceitos de contabilidade, sabe que um ativo compreende todos os bens e direitos, enquanto um passivo representa as obrigações.

De acordo com a contabilidade, carros, casas, terrenos, ações, depósitos bancários, joias, relógios e TVs são alguns exemplos de ativos. Por outro lado, os juros de empréstimos, a conta da água e eletricidade são exemplos de passivos.

A definição de passivo está alinhada com a nossa definição, afinal não há qualquer dúvida que a conta de eletricidade vai tirar dinheiro do nosso bolso.

Por outro lado, imagine que é aficionado de desportos náuticos e comprou uma moto de água. Contabilisticamente, tem um ativo. Na prática, tem um passivo.

Repare que além do dinheiro necessário para adquirir o bem, terá um conjunto de despesas associadas tais como eventuais juros do empréstimo, impostos, combustível e manutenção. Ah, e não podemos esquecer a desvalorização do bem. Entende agora como este “ativo contabilístico” o faz ficar mais pobre a cada ano que passa?

Ativos como geradores de riqueza

Um ativo gera uma fonte de receita extra e como dissemos, coloca dinheiro no seu bolso. A sua casa é um ativo? Não! O seu carro é um ativo? Talvez, se o usa para a sua atividade profissional.

Comprou ações de uma determinada empresa e todos os anos recebe dividendos, podendo até mesmo vender com lucro? Ativo.

Adquiriu um imóvel para arrendar e com o dinheiro das rendas consegue financiar todas as obrigações decorrentes da compra e ainda colocar dinheiro de lado? Ativo.

Fez uma aplicação bancária sobre a qual receberá juros? Ativo.

Vamos voltar ao exemplo da casa. Muitas pessoas pensam que a casa é o maior investimento da vida delas e por isso, o maior ativo. Na verdade, mesmo que a casa valha o dobro, tal não não deverá ser considerado um ativo. Se não há o intuito de vender posteriormente, arrendar ou ter outra foma de geração de receita, esta é um passivo.

E é um passivo tão grande quanto a casa maior for. À semelhança do exemplo da moto de água, terá de pagar mais juros de empréstimos, mais impostos (IMI e IMT), terá mais despesas de manutenção, água e eletricidade. Este “investimento” pode estar a impedi-lo de adquirir verdadeiros ativos, geradores de riqueza.

Não confunda entre gerador de riqueza e gerador de despesa.

E o meu carro, é um ativo ou passivo?

Se usa o seu carro particular no exercício da sua atividade profissional, então pode considerá-lo um ativo. Se ele é indispensável para trabalhar ou para o tornar mais produtivo, então está a permitir-lhe, ainda que indiretamente, a geração de uma fonte de receita. Para os restantes casos, o carro particular é um passivo.

Não quero com isto dizer que não deva comprar passivos. Um carro tem uma utilidade inegável. O que não deve é justificar a compra de um carro como se de um ativo se tratasse.

Eu tenho um carro com +20 anos e claro, por vezes penso em trocá-lo. Quem é que não gosta de ter um carro mais moderno e confortável? Como este ainda trabalha bem e é suficiente para as minhas necessidades, não me imagino a comprar um novo. Acho que assim que o colocasse na garagem, sofreria do famoso arrependimento de comprador.

É que a dinâmica de um passivo é muito ineficiente. Vamos imaginar que comprava um carro de gama média por 35000€. e que anualmente, pagaria em imposto de circulação e seguro, mais 500€ em relação ao montante que estou a pagar atualmente.

Considerando que teria de desinvestir o montante para o carro, deixaria de receber 1400€/ano sobre os meus investimentos (35000€ x 4% = 1400€).

Assim, em vez de ter uma receita passiva de 1400€ por ano, teria 500€ de despesas adicionais, originando um fluxo de caixa negativo de 1900€ ao ano. Sem contar com a desvalorização do carro, este estaria a tornar-me mais pobre a uma velocidade de 160€ por mês!

Compre ativos para atingir a sua independência financeira

Creio que agora já saberá fazer a distinção entre ativos e passivos. Ambos são importantes: precisamos de uma carro para nos deslocarmos, de uma casa para morar e de outras necessidades essenciais.

Mas, se quer atingir a independência financeira mais rapidamente, compre mais ativos e menos passivos. O ideal seria que conseguisse financiar os seus passivos com o rendimento gerado pelos seus ativos.

Qual o seu maior ativo? Espero que não diga que é a sua casa.

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Olá, chamo-me Sérgio e sou um apaixonado por investimentos e finanças pessoais. Espero partilhar algumas dicas e conhecimento para que possa alcançar mais rapidamente a sua independência financeira. Fique ligado e compartilhe também as suas ideias.

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